sábado, 3 de maio de 2008

2 anos de implantado

"Muitas vezes me pediram para descrever a e xperiência de educar uma criança com deficiência, com o intuito de tentar ajudar as pessoas a compreender o que é esse tipo de convivência.
É assim.
Ter um bebê é como se fosse planejar uma fantá stica e excitante viajem de férias para a ITÁLIA.
Você compra livros, roupas, faz planos maravilhosos. Sonha com os momentos incríveis que irá passar em locais como o Coliseu, passear nas gôndolas de Veneza, visitar a Capela Sistina e ver as pinturas de Michelangelo. Até ensaia algumas frases em italiano.
NOVE meses de ansiosa espera e chega o momento da viagem. Você pega suas malas, avisa a família e vai para o aeroporto. Depois de algumas horas de vôo, o avião aterrissa suavemente e a aeromoça diz:
- Bem vindos à HOLANDA.

HOLAAAAAANDA ???????.
O que é isso????????????
Eu não comprei passagem pra Holanda.

Houve mudança no plano de vôo. Aqui é a Holanda e é aqui que você vai ficar.

Você logo percebe que é um lugar diferente e deve logo sair e procurar comprar novos guias que lhe ajudarão.
Vem em seguida a necessidade de aprender a nova língua com urgência.
Conseqüentemente você irá encontrar também um novo grupo de pessoas.
É um lugar diferente, mas lento e menos vistoso do que a Itália.
Mas depois de permanecer um pouco no local, você se acalma, respira fundo, dá uma olhada ao redor e descobre encantada que:
A Holanda tem lindos moinhos de vento, a Holanda tem campos de tulipas e até mesmo Rembrant."

Essa mensagem recebi da querida amiga Leny Meirelles, fonoaudióloga do Rio de Janeiro, e ela descreve bem como é ter que lidar com algo que não estava planejado.

Parece que foi ontem... mas já fazem 2 anos.

E que lindos 2 anos, cheios de alegrias, emoções, lágrimas de emoções.
Hoje o JL já conversa normalmente, participa da comunidade de ouvintes como se assim fosse, graças à essa maravilhosa tecnologia, o implante coclear.

Nesses 2 anos tivemos muito trabalho, mas todo ele recompensado a cada palavra, que começaram bem pequenas, "oi", "eu", "mãe", depois 2 palavras juntas "boa noite", "bom dia", e agora já são várias palavras juntas, frases completas, conversas, fofocas da mana, até brigas com a mana com discussões.

Maria Luisa (minha filha) e meu marido foram e são pontos fundamentais nessa caminhada, sem eles, sem o apoio e compreensão por tantos momentos ausentes, sem as brincadeiras com o objetivo de estimular cada vez mais o JL, os passeios nos fins de semanas quando a mamãe tem que trabalhar, em todos os momentos, foram maravilhosos, são maravilhosos.
E que diferença é ter eles comigo. Família é base de tudo, é o porto seguro. Agradeço à Deus por ter uma tão maravilhosa.

Não posso esquecer dos demais da família, meu pai, minha mãe, cunhadas, irmãos, sogro.... todos, obrigado à todos.

E ainda, a equipe de apoio, escola e fono, que tornaram tudo muito mais fácil.
A escola que recebeu meu filho, ainda bem pequeno, 1 ano e 11 meses, mas tiveram todo o cuidado e carinho que o meu pequeno precisava.

A fono, Elizabeth Williams, que nesses 2 anos fez seu trabalho com dedicação, paciência e amor.

Aos amigos que fiz ao longo desse caminho, muuuuuitos amigos, reais, virtuais, mas todos verdadeiros, que criticam, que ajudam, que elogiam, que dão carinho, enfim.... mas todos verdadeiros AMIGOS.

No início me questionava porque DEUS me mandou um filho surdo, hoje eu vejo claramente essa resposta. Ele tinha que ser meu.

E como tudo isso me fez crescer como ser humano e como mãe. Me fez rever meus conceitos, minhas ambições, meus objetivos futuros.

Não tenho do que me queixar, tenho muito é que agradecer à DEUS por tudo. Minha vida hoje é diferente, mas tudo mudou pra melhor.